A expectativa e a realidade: Estamos realmente falando de meditação nas empresas?

É cada vez mais frequente encontrarmos profissionais que dissertam sobre o tema meditação em empresas, seus métodos e benefícios. O problema acontece quando se mistura a meditação com outras metodologias, deturpando seu sentido e sua forma, tornando- a algo quase inatingível.

Tenho a sincera impressão de que meditar há 5 anos atrás era muito mais fácil e acessível. Mas porquê essa sensação? O que ocorreu neste tempo que transformou a meditação em algo complexo, sistemático, quase um programa de coaching?

Ocorre que atualmente há um estranho alinhamento entre expectativas da área de RH e o facilitador de meditação. Uma precisa de resultados pois está investindo recursos. Outro precisa entregar estes resultados pois esta recebendo estes recursos. Esta dinâmica me é bem familiar pois atuei na área de comunicação e marketing, e convivi com a expectativa do departamento comercial/financeiro a espera de resultados.

A experiencia meditativa é, sobretudo, subjetiva. Não se pode afirmar que após um programa de 8 semanas de mindulness todos os participantes estarão mais focados, presentes, calmos, e por aí vai. Isso se aplica a outras práticas meditativas também. Sendo assim, o facilitador de meditação precisa trabalhar de forma sincera com estas expectativas, oferecendo a meditação como uma opção (entre outras) para melhora na qualidade de vida dos profissionais.

O problema é que nem sempre é assim. O facilitador traz consigo estudos e mais estudos sobre os efeitos da meditação. Se apropria de métodos de coaching para transformar algo simples em algo complexo. Algo para poucos.

Há 5 anos atrás você poderia começar a meditar por si só. Hoje não. Hoje é necessário ter um "instrutor" pois afinal não iremos "meditar de forma correta" sozinhos. E também será preciso encontrar um espaço confortável com almofadas "estilo zen". E também será necessário um elaborado programa, e realizar diversos cursos. E por ai vai...

Resultado: Colaboradores "receosos" quanto aos programas de meditação. Pense bem: Você iria em um programa de meditação onde o facilitador, ao lado do profissional de RH, categoricamente diz que basta participar do programa para que sua concentração e desempenho melhore no ambiente no trabalho?

E ai? Animado? E se não der certo esse tal programa? O que vai dizer a seu chefe que irá lhe cobrar melhor desempenho e foco?

Sim existem diversos estudos relatando os diversos benefícios da meditação. Hoje já se fala, também, de alguns malefícios. Sim nem todos podem meditar devido a alguma condição bem específica ou um estado da sua vida (ansiedade crônica, alguma perda familiar, entre outras).

O problema é quando se apropria dessas informações para justificar a obrigatoriedade de ter alguém ou algo para poder meditar.

Existem excelentes profissionais que atuam com meditação em empresas. Entretanto a minoria que "promete mais" acaba, em um primeiro momento, se destacando. É preciso, portanto, repensar a forma como a meditação está sendo apresentada e implementada nas empresas.

Meditar sempre é possível, acredite.