Por que o excesso de prazer está nos deixando infelizes?

15/02/2023

Dopamina. Sim, para muitos de vocês esta palavra é bem familiar, especialmente se você é da área da saúde. (Que me desculpe meu cunhado, Pós-Doutor em Biomedicina, mas para mim dopamina nada mais era do que um novo tipo de vitamina que alguém tinha lançado no mercado).

Brincadeiras à parte, meu conceito sobre dopamina literalmente mudou quando ganhei do meu querido amigo Bruno Brambilla o livro "Nação Dopamina". Escrita pela aclamada psiquiatra Dr. Anna Lembke, o livro aborda como nossa sociedade vive em uma era de consumo excessivo e gratificação instantânea, bem como o preço pessoal e social de ser governado pela próxima dose de dopamina. Em suma, sobre a nossa busca pelo prazer e os nossos vícios. ( sim, aquela "olhadinha" no celular a cada 2 minutos é bem abordada no livro...).

Em uma era de imediatismo e "déficit de atenção induzido" (não o neurológico, mas aquele causada pelo excesso de informação), perdemos a capacidade de discernir sobre o que é importante e sobre o que nos traz uma real satisfação. Mais do que isso, perdemos a capacidade de ficar "sem fazer nada".

Nosso cérebro precisa estar "preenchido" a todo momento e de forma rápida, para que a nossa balança "prazer-sofrimento" esteja sempre pesando para o "prazer". Não queremos sofrer e, para isso, buscamos sempre o prazer. E queremos prolongar este prazer, seja em mais uma rodada de vídeo game, olhar as redes sociais ou em um segundo pacote de batata frita.

"(...) O paradoxo é que o hedonismo, a busca pelo prazer por si só, leva à anedonia, a incapacidade de desfrutar qualquer tipo de prazer."

Ao ler o livro fui percebendo como o Yoga é benéfico na "calibragem" da nossa mente com relação ao que é importante e ao que é felicidade.

Ok vou ser breve com relação ao Yoga. Se estivesse na beira de um precipício, prestes a ser empurrado, e tivesse que dizer em voz alta o que é Yoga eu diria: - É um estado da mente. Um estado que se caracteriza pela tranquilidade, paz e serenidade". - E para chegar nesse estado você precisa das técnicas, que são as nossas atitudes, posturas, técnicas respiratórias, concentração e.....meditação ( estado da mente). Ou seja, eu faço Yoga para chegar ao estado do Yoga!

Obs: Falei tão bonito que o pessoal desistiu de me empurrar. (risos).

Então podemos começar nosso processo de "conexão" com o real, com o que realmente nos preenche, por meio da observação das nossas atitudes e de como percebemos nosso corpo em cada postura. Não interessa no Hatha Yoga tradicional se você é forte ou flexível e, sim, como você percebe seu corpo. E perceber seu corpo te leva a perceber e a interferir na sua respiração. Já percebeu como fica sua respiração quando você está nervoso? É disso que estou falando!

E este processo vai nos levando ao estado de concentração, se desdobrando para um estado de calma, tranquilidade, de redução dos turbilhões da mente. Um estado onde é possível estar conectado com o que realmente importa para você, e também a entender os gatilhos que lhe direcionam aos comportamentos compulsivos em busca de prazer.

O Yoga "equilibra" a balança de "prazer-sofrimento". Faz com que você identifique, em um primeiro momento, como este "excesso de prazer" pode estar te levando a um estado de infelicidade. E ao continuar neste caminho proposto pelo Yoga, de autoconhecimento, você começa a recuperar aquilo que chamamos de "felicidade nas coisas simples da vida".

Desligue e se reconecte, tenho certeza que lhe fará muito bem!